(Amarante – Piauí)

Auta Rosa era uma escrava que viveu muito tempo atrás onde hoje fica a cidade de Amarante, tendo nascido em 1861. Seduzida pelo filho do patrão, a jovem engravidou e foi expulsa de casa ao conceber. As pessoas da época a julgavam, por isso, tendo-a como prostituta. Passou a viver de favores domésticos, de onde arrancava o seu sustento.
Nessa época, a tuberculose, tida como o mal-do-século matava muitas pessoas Brasil afora, inclusive em Amarante, onde havia praticamente uma epidemia. Não existia cura para esse problema de saúde. A penicilina só seria descoberta depois. Como todos tinham medo da doença, os tuberculosos se tornavam párias da sociedade. Eram excluídos. As pessoas consideravam a doença um castigo de Deus e que quem era doente é porque merecia. Mas não para Auta.

A negra, dotada de bom coração, não conseguia ver inerte o sofrimento dessas pessoas. Ela mendigava e conseguia medicamentos e alimentos para as mulheres e homens que residiam nos prostíbulos localizados na beira do Rio Parnaíba, em Amarante. Ela também dava banho nos mortos vítimas da doença.
Com essas práticas, por estar sempre em contato com tuberculosos, Auta acabou adquirindo a doença e sofreu muito até a sua morte, em 1890. Na ocasião de seu sepultamento, houve uma confusão. Uns queriam enterrá-la no cemitério, mas a elite de Amarante não podia aceitar que uma negra pobre que consideravam prostituta fosse enterrada no mesmo lugar que os poderosos da cidade e, assim, acabaram enterrando ela do lado de fora, à beira do muro, perto do portão de entrada em uma cova rasa.

Desde então, seu túmulo é um dos mais visitados dali. Fiéis da santa amarantina, alguns de outras cidades e até de outros estados, vão ali fazer preces e pedidos e, sendo atendidos, acendem velas, fazem orações e depositam no lugar ex-votos em agradecimento.
FONTE:
TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO
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