(Campo Maior e Castelo do Piauí)

A fazenda Abelheiras tem mais de três séculos de idade, sendo bem mais antiga que a cidade de Campo Maior, tendo sido ali o último reduto da casa da torre no Piauí.
Em eras remotas, indígenas que habitavam a região encontraram ali uma mina de pedras preciosas e retiraram o que puderam das jóias, colocando-as em butijas, que, depois, foram enterradas.
A notícia, contudo, se espalhou, e logo bandeirantes tomaram conhecimento do tesouro enterrado. Ameaçaram os índios e, como deles não obtiveram o local onde haviam enterrado o tesouro, os fizeram de escravos até que um deles revelasse o local. Um dos índios, contudo, mesmo não revelando o lugar do tesouro, revelou onde ficava a mina e quando isso ocorreu, os índios foram obrigados a minerar as joias e transportá-las em sacos pesados cheios de pedras preciosas, sob pena de tortura. Quando saíam da mina, houve um desabamento, e pesadíssimas rochas soterraram para sempre a mina, as jóias e os carregadores.
Sem conseguir aceitar a perda do tesouro, os conquistadores, desconsolados, aplicaram muita violência para que os índios revelassem o lugar onde haviam enterrado as butijas, e, depois de muita tortura o cacique acabou por indicar o lugar onde haviam enterrado as primeiras jóias extraídas.
Ansiosos para porem as mãos no tesouro, os próprios bandeirantes foram ao lugar e começaram a escavar freneticamente, e logo deram de cara com as butijas, que tinham as aberturas protegidas por cera de abelha.
No entanto, os exploradores não tinham ciência do fato de que, depois de um tempo enterrado, um tesouro fica encantado. Daí se exige toda uma arte e ciência milenar para desenterrar o tesouro, o que os bandeirantes não sabiam.
Ao abrirem as botijas, foram eles surpreendidos por um enorme enxame de abelhas. Por não terem desenterrado as jóias do jeito certo, o tesouro, encantado, havia se transformado nas abelhas, de modo que os ambiciosos homens foram todos picados mortalmente. É por isso que a fazenda, até hoje, é chamada de Abelheiras.
TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO
FONTE:
QUEIROZ, Áurea. Lendas do Piauí. Teresina: Halley, 2013.
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