Muitos anos atrás, na região onde hoje se encontra a cidade de Jerumenha, havia um imenso um arraial de índios trazidos da Bahia, pelo português Francisco Dias D’Ávila, que os aldeou na margem direita do rio Gurguéia, onde se encontra a Cidade. Já no ano de 1676, o arraial foi fundado pelo Governador de Pernambuco, Pedro Almeida, com área de dez léguas. Por ali se ergueram também algumas fazendas.
Eu e Egieldo Silva em frente à igreja de Santo Antonio, em Jerumenha – Piauí. Outubro de 2018.
Mais ou menso nessa época, ainda na primeira metade do século XVIII, um vaqueiro campeava o seu gado quando encontrou uma imagem de Santo Antonio em pleno cerrado piauiense. Colheu o santo com todo o respeito e o levou consigo à fazenda Citarola, um pouco distante do lugar em que o encontrou, entregando-o ao dono da fazenda, que recebeu a imagem em grande devoção, colocando-a no altar da família.
A noite foi de muita oração e já se planejava construir uma capela em homenagem do santo, mas ao amanhecer do dia seguinte o santo tinha sumido. A notícia se espalhou e muitos foram os fiéis que foram à sua procura. O que poderia ter acontecido afinal?
Depois de muita procura, o santo foi encontrado no mesmo lugar em que havia sido encontrado antes e, em procissão, foi reconduzido até a sede da fazenda, onde foi trancado no oratório, de onde fugiu novamente.
O fato se repetiu por muitas e muitas vezes. Sempre que traziam o santo, a imagem desaparecia para ser reencontrada no lugar em que foi achada pela primeira vez.
Enfim, o povo compreendeu que o desejo do santo era permanecer naquele lugar que havia sido escolhido por ele mesmo. Em 1740, Frei Manoel da Cruz, Bispo do Maranhão, criou a Freguesia de Santo Antônio do Gurguéia. No ano seguinte, o padre André da Silva iniciou a construção de uma capela, no exato lugar em que o santo foi encontrado, de onde a imagem não mais desapareceu.
A única vez em que teria sido retirada dali se deu por um fato curioso. Muito tempo atrás, não se sabe bem quando, a imagem foi trancada no presídio da cidade para que não fosse destruída. É que alguns habitantes do lugar disputavam terras que, por lei, haviam sido doadas ao santo e, enraivecidos, tentavam a todo custo destruir a imagem do santo. O conflito foi apaziguado e a imagem retornou à Igreja.
O que se conta por ali é que a imagem de Santo Antonio, quando sumia de um lugar para outro, fazia o percurso a pé. A prova disso seria uma gruta em que há um lajedo onde está impressa uma espécie de pegada, que, dizem, pertence ao santo. O local, hoje, é lugar de romaria.
Ainda hoje o povo da região afirma que o santo é milagreiro e festeja, com muita devoção, sempre no mês de junho, o seu santo padroeiro, período em que a cidade recebe inúmeros visitantes oriundos de todo o Piauí.
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