O POVO ENCANTADO DO MORRO DO LETREIRO

(Altos – Piauí)

LETREIRO

O Morro do Letreiro é uma elevação de terra situada a 3.9 Km ao sul da área urbana de Altos, na área rural do mesmo município, a uma latitude de 5° 4′ 0” Sul e uma longitude de 42° 28′ 60” Oeste. A denominação de referido morro envolve uma lenda desconhecida por muitos na cidade. “Letreiro” é o nome que os piauienses mais velhos dão a paredões rochosos em que se encontram inscrições rupestres, grafias e desenhos, mensagens codificadas de povos antigos. Assim, com o mesmo nome, a Pedra do Letreiro em Batalha e a Pedra do Letreiro em Buriti dos Lopes, além de outros “letreiros” em estados nordestinos vizinhos.

MORRO LETREIRO 2

Contam os mais velhos que o “morro do letreiro” abriga algumas inscrições deixadas por povos que habitaram a região em tempos imemoriais, mas que o “letreiro” não pode ser visto por qualquer um. É preciso saber ver. A observação das inscrições só é possível de um certo ângulo em que o observador se posicione. Às vezes você pode estar ao lado, ou mesmo em cima das tais inscrições, e ainda assim não as verá.

A misteriosa “invisibilidade” do letreiro altoense, o fato de só poder ser observado a partir de um determinado ponto, seria, ao que dizem, intencional. Tempos atrás teria vivido na região um povo dotado de conhecimento ancestral que hoje se encontra perdido nas areias do tempo. Seria uma gente inteligente, para o tempo em que viveu, que tirava o sustento diário da caça, da pesca e da coleta de vegetais que lhes pudessem servir de alimento. Tinham por costume celebrar determinadas épocas em rituais de magia antiga, vivendo em completa harmonia com a natureza, até que um dia desapareceram misteriosamente sem deixar nenhum outro vestígio que não o tal “letreiro”.

Há quem diga que referida civilização não se encontra extinta. Seria o tal “letreiro” uma fórmula, indecifrável para a gente dos dias atuais, que, corretamente pronunciada, abriria um portal para outra dimensão, um reino encantado, para onde aquela gente teria se retirado e desenvolvido uma civilização magnífica em outro plano de existência, o que teriam feito depois de prever, com bastante antecedência, os rumos que tomaria o lugar em que viviam, em nosso plano de existência, o que não lhes agradou nem um pouco.

Em certas épocas do ano, alguns caboclos que vivem por ali, se embrenhando nas matas em caçadas, já teriam encontrado alguns desses seres ancestrais, vagando pelas proximidades do morro, uma região cercada por vegetação, sem iluminação elétrica próxima, nas madrugadas, como que em busca de algo. Tem até quem jure conhecer alguém que já viu o tal portal, para a outra dimensão, aberto, mostrando, do outro lado, um lugar de esplendorosa riqueza e beleza, como nenhum ser humano moderno jamais viu, o que desaparece logo em seguida, como que querendo ocultar-se das vistas dos seres de nossa realidade.

MORRO LETREIRO 3

Também dizem que subindo no alto do morro, olhando pra baixo, é possível ver algo reluzindo como ouro. Muita gente acredita que os antigos habitantes da região deixaram ali enterrado um grande tesouro, que só não foi encontrado até hoje por estar protegido por um feitiço ou algo do tipo. Talvez, por isso, voltem sempre ao nosso plano de existência,  talvez lá, onde se encontrem, não exista esse minério que chamamos ouro. Talvez o que vejam nem seja habitantes de uma outra dimensão, mas, quem sabe, espíritos guardiões de um tesouro enterrado, eis que é muito comum, no Piauí, histórias de botijas, tesouros enterrados protegidos por guardiões encantados. Vai até que sejam eles “deuses astronautas”? Apenas uma coisa é certa: algumas vezes, ao longo dos anos, caçadores e transeuntes que por ali passavam, desapareceram misteriosamente na mata, exatamente como a gente ancestral que ali viveu: sem deixar nenhum sinal do que poderia ter lhe acontecido.

Talvez nunca venhamos a saber com certeza a verdade sobre os mistérios por trás do Morro do Letreiro, com suas inscrições encantadas… Um bom passo para compreender tudo talvez fosse decifrar as antigas inscrições. Ao que dizem alguns pesquisadores já estiveram por ali, com essa intenção, mas não tiveram sucesso. Primeiro, porque nem todo mundo pode ver o que ali está escrito, por desconhecer a posição correta para enxergar o letreiro. Segundo, porque as inscrições são uma língua há muito perdida, que já não existia há milênios quando os egípcios construíram as pirâmides, e, por isso, ainda que se veja, não há parâmetros para decodificar tal linguagem. Terceiro, porque algumas pessoas, temerosas, evitam ir até o lugar. Tem até mesmo gente que diz que no dia que alguém conseguir ler o que ali está escrito, vai ser o fim do mundo. Vai saber, melhor nem tentar…

 

TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO

 

IMAGENS: IBGE – CENSO 2010 (FIGURA 1) E  GOOGLE MAPS (FIGURA 2)

 

FONTE: RELATO ORAL DE ALCIDES FERREIRA DE MELO

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