(Monsenhor Gil – Piauí)

Conta-se em Monsenhor Gil a história de uma mulher de família rica e poderosa que viveu muito tempo atrás, nos primórdios da cidade, e, ao que dizem, era uma pessoa muito má. Após sua morte, foi sepultada em um terreno que começou a ser utilizado como cemitério pelos poderosos daquele lugar, até que, alguns anos depois, resolveram construir no lugar a Igreja Matriz Menino Deus, que levou 24 anos pra ser erguida.
Durante a construção da Igreja foram removidos os restos mortais que jaziam em sepulturas no terreno, mas quando foram desenterrar a tal malvadona, logo perceberam que seu corpo, depois de tantos anos, estava intacto, sem sinais de decomposição. Logo espalhou-se a história e todos deduziram que devido à sua maldade, nem a terra quis saber de seu corpo.
O bafafá na cidade foi tamanho que todos queriam ver a figura sobrenatural e por alguns dias ficou a mulher morta na igreja em construção, período em que dizia-se que, à noite, saía vagando pelas ruas monsenhorgilenses. Com a população toda assombrada, as autoridades eclesiásticas tomaram uma decisão: a mulher, por ser maldita, não poderia ser enterrada no solo sagrado de um cemitério. Deveria ser sepultada no topo de um morro, e, próximo à sepultura, deveria ser erguida uma cruz. Diante da decisão das lideranças da Igreja na cidade, assim foi feito, e o lugar em que a mulher foi enterrada passou a ser chamado de Morro do Cruzeiro.
A Cruz, símbolo da fé Cristã, foi tão poderosa em deter que a monstruosidade se levantasse de sua cova para assombrar o povo monsenhorgilense, que logo inciou-se uma devoção a ela, de modo que no local são desempenhadas atividades de cunho religioso, como a abertura do festejo de maio. O Morro do Cruzeiro é uma das rotas obrigatórias de religiosos e turistas que passam pela cidade. Para ter acesso ao topo, foi construída uma escadaria de 360 degraus. A vista dá acesso a toda o município de Monsenhor Gil. Com isso, todos os anos se renovam as benzeduras do lugar, afim de conter a criatura.
Ao que dizem se cessarem as atividades religiosas no lugar, inclusive demolindo-se as cruzes que existem por ali, erguidas com o tempo pela igreja, para celebrar os ritos no morro, a criatura se erguerá da terra para assombrar novamente as ruas da cidade de Monsenhor Gil.
TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO
REFERÊNCIAS
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