(Picos – Piauí)
Na década de 30 surgiu no carnaval picoense uma marchinha, que todos diziam ser coisa do capeta. A coisa foi tão forte que “Jaú”, o nome da canção, passou a ser considerado um dos milhares de nome do diabo e a fama maldita da música se espalhou.
Ao tomar conhecimento da cantiga demoníaca, o Padre passou a afirmar que quem cantasse a canção seria excomungado por ter pacto com o demo, de modo que a alma da pessoa iria diretinho pro quinto dos infernos.
Alguns fiéis, bem como descrentes, acharam a atitude um exagero, pois não é porque uma pessoa canta uma música que sua alma seria condenada. Assim, haviam aqueles que desafiavam a ordem da Igreja e, no ritmo do carnaval, onde tudo pode, entoavam a canção condenada.
Todavia, esses pobres coitados, incrédulos, logo encontravam seu castigo. Na madrugada, voltando para casa, não foram poucos entre eles os que deram de cara com um figura sinistra. Uma porca grande, horrivelmente magra e feia, toda desengonçada, dançando em pé, rodando como pião, fazendo gestos libidinosos, mandando beijos para as pessoas cantando assim:
JAÚ tem três irmãs,
todas três sem casar,
uma prenha, outra parida
e outra dando de mamar.
A bisavó de JAÚ
não presta pra nada, não,
porém, vive amigada
com o velho Cramulhão.
Eles dois dentro da rede
é um chafurdo do diacho,
e a gente fica sem saber
quem tá por cima ou por baixo.
Uns ficaram malucos. Outros tiveram tanto medo que fugiram da cidade e nunca mais foram vistos. Há quem diga que na verdade esses pobres coitados foram levados para o inferno pela porca tenebrosa. O certo é que, desde então, ninguém mais cantou “Jaú”. Mas se o leitor duvida é só cantarolar a letra da canção acima transcrita. Aliás, espero que não tenha cantarolado enquanto lia, pois quem avisa amigo é. Vai que mais tarde, na madrugada, não aparece atrás de você a Porca Jaú?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://diholanda.blogspot.com.br/2016/11/nossas-lendas-porca-jau.html
TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO
ILUSTRAÇÕES: DOUGLAS VIANA
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