LENDAS E ASSOMBRAÇÕES DAS SETE CIDADES DE PEDRA

(Parque Nacional de Sete Cidades – Piauí)

Sem título

O parque nacional de Sete Cidades é uma unidade de conservação brasileira de proteção à natureza e ao patrimônio histórico (formações rochosas, pinturas rupestres, etc). O parque tem esse nome por causa dos diferentes grupos de rochas que, separados entre si parecem formar pequenas “cidades”. O parque foi criado em uma área de 6.304 ha através do Decreto Nº 50.744, de 5 de junho de 1961.

Desde o início o parque era formado por sete cidades. Nos anos 1980, contudo, uma das cidades foi fechada para visitação, por conta de seu grande potencial para a pesquisa. Para que o Parque não ficasse com apenas seis cidades uma das cidades foi dividida em duas, mantesetecidades10.jpgndo, assim, o parque sete cidades (além da oitava, que foi fechada, sendo acessível somente a pesquisadores).

No local existem inúmeras pinturas rupestres, algumas com cerca de 6 mil anos. Vários pesquisadores de diferentes nacionaseisdedos1lidades estiveram no local. Há quem diga que o local, em suas formações rochosas e nas pinturas rupestres, registra a passagem de fenícios, vikings e até extraterrestres. De fato, existem coisas inexplicáveis como a impressão de uma mão de seis dedos em formações rochosas. Entre todas as explicações, há uma lendária, que conta a origem das sete cidades de rocha.

Em tempos remotos haveriam no local sete reinos abundantes em riqueza. O princípe de uma das cidades estava prometido a uma princesa de outra cidade. Como os dois reinos eram os mais prósperos e ricos e os pais visavam aumentar a riqueza das famílias, os jovens tinham sido prometidos um ao outro quando ainda eram bebês. Quando adultos, a COBRA DE PEDRAdata do casamento foi marcada e foi celebrada uma grade festa de noivado. Durante a festa, o noivo conheceu uma bela princesa de um dos outros reinos, de modo que os dois se apaixonaram perdidamente, levando o jovem príncipe a desistir do compromisso com a outra princesa. A mãe da noiva abandonada, que além de rainha era uma poderosa feiticeira, quando soube do ocorrido lançou uma maldição que transformou os dois amantes em lagartos. A mãe do rapaz, que também era uma poderosa feiticeira, indignou-se e lançou uma magia que transformou os sete reinos em pedra, petrificando inclusive a si mesma, mas não antes de transformar a outra rainha em uma gigantesca cobra que logo se viu petrificada.

17308747_1842781145982882_9118886369106697673_nO príncipe e a princesa amaldiçoados estão até hoje, em forma de lagartos petrificados, um de frente para o outro, bem próximos, quase se beijando. Dizem que quando os lábios de um lagarto encostar no do outro, as sete cidades serão desencantadas, voltando a viver. O poder do amor do príncipe e da princesa é tão grande que até mesmo a rainha transformada em cobra petrificada voltará a viver novamente.

pedra do beijo dos lagartos
Equipe Causos Assustadores na pedra do beijo dos lagartos

O problema é que quando isso ocorrer, dizem que os sete municípios que circundam o parque é que serão petrificados por força da magia liberada. Um dos guias do parque afirma que alguns visitantes acreditam tanto nisso que há quem tente quebrar a cabeça dos lagartos para que jamais venham a se beijar, pois não querem correr o risco de que a profecia venha a se cumprir.

tartaruga
Tartaruga gigante petrificada na sexta cidade

Todos os reinos petrificados eram habitados por criaturas mágicas antes do feitiço. A sexta cidade, por exemplo, era habitada por criaturas fantásticas. Ali estão petrificados, por exemplo, uma tartaruga, um elefante e um cachorro, todos gigantescos, que, em tempos remotos, guardavam e protegiam o território daquela cidade mágica. Na segunda cidade, por sua vez, viviam humanóides gigantes, de modo que ali pode ser percebida uma enorme pegada, com cinco dedos, deixada na rocha eras atrás por um desses seres. Em outra parte da cidade, vê-se petrificado um falo sexual de uma dessas criaturas. É ali também que fica o portal chamado hoje em dia de “Arco do Triunfo”, que antigamente era um portal por onde passavam os gigantescos habitantes da cidade, sendo esta a razão de suas enormes proporções.

ARCO DO TRIUNFOMas dizem que há um jeito de quebrar o feitiço, livrando as sete cidades sem transformar as cidades vizinhas ao parque. Dizem que quem passa por baixo do Arco do Triunfo, se efetuar três pedidos, estes serão atendidos. Assim, reza a lenda, que no dia em que um turista de coração puro visitar o parque e, com amor e determinação, fizer os pedidos utilizando as palavras certas, a vida pode voltar a todos os seres de pedra que habitam a região.

Eu não sei se é verdade tal encantamento. O que sei é que muitos acreditam nisso há muitos e muitos anos. José Ferreira do Egito, o Catirina, era um lavrador que desde criança ambicionava se tornar santo. Quando tomou conhecimento da lenda, mudou-se com seu filho Martinho, após a morte da esposa, para uma gruta situada no local que viria a se tornar o parque, lá chegando por volta de 1938. Andava sempre vestido de batina. Na sua ambição em se tornar um santo milagreiro, desejava inicialmente desencantar as sete cidades de pedra, razão pela qual passou a viver em uma pequena gruta localizada na Quarta Cidade do Parque.

Se alimentava de frutas, cereais, ervas e raízes encontradas na própria região, além de contar com alimentos que lhe eram levados pelas pessoas que recorriam à sua orientação e aos seus remédios. Para fazer os remédios que servia a quem lhe procurava, utilizava-se de um pilão esculpido no solo rochoso da gruta. Dizem que Catirina tinha acesso aos feitiços do livro de São Cipriano, bem como anotava em um livro os seus próprios feitiços, receitas de remédios naturais e rituais de cura. O livro de Catirina estaria hoje em poder de um geólogo da Petrobrás, em Natal, Rio Grande do Norte.

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Pilão esculpido no solo da gruta

Viveu no local no período compreendido entre 1931 e 1944, quando seu filho que lhe fazia companhia morreu. Enterrou o filho perto da caverna e, desiludido, foi-se dali. Era venerado pelos moradores das regiões circunvizinhas, que diziam que ele realmente fazia milagres: curava mordida de cobra, quebrantos e mau olhado, bicheiras em animais e muitas outros problemas que lhe eram levados por seus devotos.

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Um filho seu, já falecido, contava que Catirina, antes de morrer em 1946 sabia exatamente o dia e a hora em que morreria: “Quando foi pra ele morrer, rezou as orações dele tudinho, bem alto, pra todo mundo ouvir. Ele rezou às 5 horas da manhã, sentou-se na rede e disse: meu filho, minha viagem é às 6 horas da tarde. Aí, eu disse: papai, mas que conversa é essa! Você vai ficar bom, se Deus quiser. Ele continuou dizendo que sua viagem era às 6 horas da tarde. Alguns chegaram a dizer que estava delirando. Mas qual o quê! Quando foi 6 horas ele chamou nós tudinho, abraçou os meninos e pediu a bênção. Quando nós tomamos a bênção, ele estava sentado, foi virando pra trás e morreu. Isso é que é um mistério, a pessoa saber a hora que vai morrer”.

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Equipe dos Causos Assustadores na Gruta do Catirina

Apesar dos “milagres” que realizou, Catirina morreu no Povoado Contente, próximo ao Parque, sem nunca conseguir desencantar as sete cidades de pedra. O feitiço era muito poderoso. Desejava ser enterrado próximo de sua caverna, mas foi sepultado no Cemitério do Paiol, em Piripiri.

Mesmo depois de morto, Catirina ainda é tido como milagroso, de modo que não é incomum que pessoas compareçam ao seu túmulo ou à “Gruta dos Milagres” afim de recorrer ao auxílio de sua santa alma, que, ao que dizem, continua a interceder pelo povo da região.

Martinho, o filho de Catirina, falecido em 1944 os 52 anos de idade, também é cultuado como um finado santo pelo povo da região, que acredita que pelo fato do homem, ter tido uma vida sofrida e distante de bens materiais, por ter aprendido rituais de cura com o pai, além do fato de que era uma pessoa muito doente, teve depois de morto os pecados perdoados e tem o poder de ajudar as pessoas, sendo seu túmulo no interior do parque (pertinho da gruta) bastante visitado.

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No Parque além do ar de misticismo e magia, há inúmeros relatos de assombração. Certo dia, um grupo de turistas teria ido ao parque. Foram recebidos por uma guia que os levouvivapiauidentroindira pelo parque apresentando aos turistas as maravilhas do local. Ao chegarem ao Mirante, ponto mais alto do parque (de onde é possível ver muitas das atrações dali), pediu licença aos visitantes pois iria efetuar uma ligação, pois o mirante seria o único local em que seria possível sinal da rede telefônica no celular. Todavia, ao efetuar a ligação do alto do mirante a guia simplesmente desapareceu perante os olhos perplexos dos visitantes.

Reinaldo Coutinho, em seu livro “Arrepios e Assombrações em Sete Cidades (2001)” nos conta uma história ocorrida com dois vigilantes da pousada próxima ao Parque em 1996. Era noite, estava faltando energia no parque e a única iluminação com a qual contavam era a luz de velas. Lá pelas tantas ouviram um som de ronco de motor de carro e uma iluminação crescendo aos poucos CARRO FANTASMAque deduziram ser provocadas pelos faróis. De imediato, começaram a se preparar para receber o que acreditavam ser hóspedes. O veículo se aproximava mais e mais, mas ainda ao longe, de repente, desapareceu, não se viam mais os faróis na estrada escura e também não podiam ouvir mais o ronco do motor. Teria havido alguma pane? Não. Se fosse isso teria vindo pedir ajuda. O motorista parou para dormir a meros 200 metros da pousada? Difícil de acreditar. Os dois vigilantes recolheram-se ao patio interno da pousada, que estava iluminado por velas, e ali passaram a noite. No dia seguinte, nem sinal de carro.

O mesmo seu Morais teria presenciado ainda, próximo à Pedra dos canhões, nos anos 60canhoes, antes da inauguração do parque, o estampido de um foguete e três bombas vindas do mato. Na ocasião seu cachorro se assombrou e ficou rodando feito doido.Por ali não havia ninguém. Só mato e escuridão. Informou ainda ter ouvido o mesmo som outras vezes, mas que não sabe o que seja, acreditando apenas que sejam manifestações dos espíritos antigos.

Da mesma obra acima mencionada se extrai que antes do Parque ter sido criado em 1961, haviam na região onde ficam as sete cidades alguns sítios particulares. A história lhe teria sido contada por Benedita, uma rezadeira já falecida que vivia na região. O fato é que há 1232042616mais de 50 anos teria ocorrido na região um velório de uma senhora também rezadeira, no mínimo sinistro, com forte ventania dentro da casa, objetos voando ou quebrando por si sós e o cadáver levitando do caixão, de modo que o fenômeno só teria parado às custas de muita reza, enquanto o filho segurava o cadáver pois tinha medo de ser o capeta que estava querendo levar a sua mãe.

O condutor de turistas, José Carlos Ferreira de Souza conta que certa vez testemunhou as lixeiras do parque batendo as tampas sozinhas, tendo fugido em disparada.

Há também uma história de butija no parque: Ao entardecer, logo após Arco do Triunfo, costumam aparecer clarões azuis, como um fogo que não queima. Dizem os regionais que cada clarão seria um espírito perdido que enterrou um pote de ouro, em busca de alguém que o desenterre, pois a ganância que lhe havia feito esconder o tesouro em vida não obotija-maior permitira descansar em paz. A alma do proprietário só descansaria quando conseguisse encontrar alguém a quem pudesse dar o seu tesouro. Dizem, inclusive, que de certa feita, um sujeito chamado Raimundo Elias teria encontrado ali uma butija, tornando-se um rico fazendeiro.

Como se vê, Sete Cidades é uma região cercada de mistérios e acontecimentos fantásticos. Eu queria é conhecer um corajoso que depois de ler isso aqui topasse passar uma noite sozinho no parque.

FONTES:

COUTINHO, Reinaldo. “Arrepios e Assombrações em Sete Cidades” (2001)

http://www.piracuruca.com/index.php/fenomenos/index.php/fenomenos/177-o-trator-fantasma-de-sete-cidades

http://www.educacional.com.br/projetos/navegantes/walter/relato_setecidades_walter_imprimir.asp

http://cidadeverde.com/piracuruca/54547/viva-piaui-revela-misterio-da-oitava-cidade-do-parque-nacional-sete-cidades

http://www.piaui.com.br/turismo_txt.asp?ID=345

http://super.abril.com.br/ciencia/ruinas-extraterrestres/

http://mochilabrasil.uol.com.br/destinos/as-sete-cidades-de-pedra-do-pi

http://www.viafanzine.jor.br/fonseca_mat2.htm

http://www.piracuruca.com/index.php/fenomenos/99-o-carro-fantasma-de-sete-cidades

http://www.piracuruca.com/index.php/fenomenos/257-velorio-alucinante-em-sete-cidades

 

TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO

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